Prolapso retal em gatos: o que é, causas, primeiros socorros e tratamento
O prolapso retal em gatos acontece quando a porção interna do reto se exterioriza pelo ânus, formando um “tubo” ou “roseta” de tecido vermelho e úmido visível na região anal. É uma urgência: o tecido pode inchar, necrosar e contaminar rapidamente. Aqui você entende como reconhecer, o que fazer na hora, as principais causas, os exames indicados, tratamentos (redução, sutura, cirurgia) e a prevenção.
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Como reconhecer o prolapso retal em gatos
- Massa tubular/vermelha saindo pelo ânus (pode ter aspecto de “flor/roseta”).
- Tenesmo (força repetida para defecar/urinar), miados, desconforto ao usar a caixa de areia.
- Lambedura constante, sangue/muco nas fezes, constipação ou diarreia.
- Edema (inchaço) do tecido exteriorizado; com o tempo pode ficar escuro/arroxeado (sofrimento/necrose).
Diferenciais: hemorroidas não são comuns em gatos. Lesões ao redor do ânus, pólipos e intussuscepção retal podem se apresentar de forma semelhante e exigem avaliação veterinária.
Causas mais comuns do prolapso retal em gatos
Quase sempre há uma causa subjacente que faz o gato “forçar” (tenesmo). Entre as principais:
- Diarreia aguda/crônica (alergias alimentares, infecções bacterianas/virais, giárdia, coccídeos).
- Constipação/obstipação, fezes muito ressecadas, megacólon.
- Verminose (especialmente filhotes): parasitas intestinais que provocam diarreia/tenesmo.
- Corpos estranhos, pólipos retais, massas/neoplasias.
- Cistite ou obstrução urinária (machos): o gato “faz força” para urinar e pode prolapsar.
- Trauma (quedas, atropelamento) e alterações neurológicas do assoalho pélvico.
- Pós-parto e outras condições que aumentam pressão abdominal (menos comuns em felinos).
Filhotes e jovens são mais suscetíveis por verminoses e diarreias; idosos, por constipação/megacólon.
Primeiros socorros: o que fazer (e o que evitar)
O que fazer imediatamente
- Evite que o gato lamba: coloque colar elizabetano se tiver.
- Mantenha o tecido úmido: com soro fisiológico estéril (ou água filtrada fervida e fria, na falta) e gaze limpa levemente umedecida. Não esfregue.
- Transporte em caixa forrada, mantendo o gato calmo e aquecido.
- Procure atendimento 24h o quanto antes — quanto mais rápido, maior a chance de preservarmos o tecido.
O que evitar
- Não tente empurrar de volta em casa: sem analgesia/assepsia, você pode lesar a mucosa e piorar a condição.
- Não use pomadas “humanas”, cremes fortes, álcool, vinagre ou gelo direto.
- Não ofereça laxantes/antidiarreicos humanos — muitos são tóxicos para gatos.
- Evite comida grande/ossinhos; se o gato estiver desidratado ou com vômito, mantenha jejum até avaliação.
Na clínica podemos aplicar analgesia, reduzir o edema com agentes hiperosmóticos e realizar a redução com técnica asséptica — com ou sem sutura em bolsa (purse-string) — além de tratar a causa.
Como tratamos na clínica
- Triagem e analgesia: estabilizamos dor, avaliamos hidratação e riscos associados.
- Redução do edema: compressas com soro morno e, quando indicado, agentes hiperosmóticos (ex.: glicose hipertônica/sacarose) para “desinchar” o tecido.
- Redução manual do prolapso sob sedação/anestesia e lubrificação adequada.
- Sutura em bolsa de tabaco (purse-string) no ânus para evitar recidiva imediata, sem fechar excessivamente (o gato precisa defecar). A sutura pode ser temporária (dias) e removida após controle da causa.
- Tratamento da causa: antiparasitários, dieta e fibras/umectantes, antibióticos quando indicados, anti-inflamatórios/analgésicos, cateterismo/UR em machos com obstrução urinária, etc.
- Cirurgia quando:
- O tecido está necrosado ou inviável (ex.: ressecção do segmento afetado).
- Há recidivas mesmo com sutura/controle da causa (ex.: colopexia em megacólon ou intussuscepção).
- Existem pólipos/massas que exigem remoção.
- Pós-operatório: amolecedores de fezes, dieta úmida/fibras, hidratação, analgesia e colar para evitar lambedura.
Exames e investigação da causa
- Coproparasitológico (múltiplas amostras) e testes para giárdia/coccídeos.
- Hemograma e bioquímica: avaliam inflamação, desidratação e função renal/hepática.
- Urina (especialmente machos) se houver esforço para urinar.
- Raio-X/Ultrassom abdominal: pesquisa de corpos estranhos, massas, megacólon e intussuscepção.
- Proctoscopia/colonoscopia quando necessário (pólipos, estenoses, mucosa doente).
Eliminada a causa e protegida a mucosa, o prognóstico costuma ser bom. Recorrências sugerem causa persistente (constipação crônica, megacólon, parasitas não erradicados, massas) e podem requerer cirurgia definitiva.
Tabela: causa × outros sinais × conduta
Causa provável | Outros sinais | Exames úteis | Conduta inicial |
---|---|---|---|
Diarreia infecciosa (giárdia, coccídeos) | Fezes moles, muco, cheiro forte, perda de peso | Coproparasitológico, testes antigênicos | Redução + sutura se preciso, antiparasitários e dieta |
Constipação/megacólon | Esforço sem evacuar, fezes ressecadas, dor | Raio-X, US, toque retal | Amolecedores, fluidoterapia, eventual cirurgia (colopexia/ressecção) |
Cistite/obstrução urinária (machos) | Esforço para urinar, vocalização, gotejamento | Urina, US, eletrólitos | Desobstrução, analgesia, reduzir prolapso após estabilizar |
Pólipos/massas retais | Sangramento retal, tenesmo crônico | Proctoscopia/US, biópsia | Exérese de pólipo/massa ± correção do prolapso |
Parasitas intestinais (filhotes) | Barriga globosa, apetite variável | Coproparasitológico seriado | Vermifugação protocolada, higiene da caixa |
Prevenção e cuidados em casa
- Vermifugação regular (especialmente filhotes) e controle de giárdia quando indicado.
- Dieta equilibrada com água à vontade e, quando recomendado, fibras/umidade para evitar constipação.
- Higiene da caixa de areia: limpa, em número suficiente (1 caixa por gato + 1), longe de ruídos.
- Trate cedo diarreias/constipações — não espere “passar sozinho”.
- Pós-tratamento: use colar elizabetano até liberação, administre medicações corretamente e retorne para revisão.
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Perguntas frequentes sobre prolapso retal em gatos
Prolapso retal em gatos é sempre cirurgia?
Nem sempre. Muitos casos resolvem com redução, purse-string temporária e tratamento da causa. Cirurgia é indicada diante de necrose, recidivas ou doenças estruturais (pólipos, megacólon, intussuscepção).
Posso usar pomada de farmácia para “entrar” de volta?
Não. Produtos inadequados irritam/contaminam a mucosa. A redução deve ser asséptica e com analgesia na clínica.
Se “sumiu” sozinho, ainda preciso ir ao veterinário?
Sim. Pode ter havido apenas uma evaginação transitória, mas existe causa por trás (diarreia/constipação/UR) que precisa ser tratada para evitar recidiva.
Quanto tempo demora para recuperar?
Varia com a causa e a vitalidade do tecido. Em casos leves, dias com dieta, amolecedores e colar. Em cirurgias, algumas semanas com reavaliações.
Gatos têm hemorroida?
O termo não se aplica da mesma forma que em humanos. A maioria dos “caroços” anais em gatos está ligada a prolapso, pólipos ou inflamações — motivo para consulta.
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